O NOBRE POVO BRASILEIRO
Canto I
Assim está começando a nossa História
Que tem agora cinco séculos de duração.
Mil e quinhentos ficou na memória
Ano que nos chegou a civilização.
Viajando em pequenas naus quinhentistas
Chegou até nós Pedro Álvares Cabral.
Enviado pela coroa de Portugal,
Sedenta de descobertas e conquistas.
Á terra de Santa Cruz inexplorada,
Chega a católica catequização
Sendo jesuíta a guarda avançada,
Para submeter o índio á dominação.
Vivendo feliz nas leis da natureza
Índio esse a quem a terra pertencia.
Nela já por muitos séculos vivia,
Bem antes de existir nação portuguesa.
Para esse jesuíta colonizador,
Os povos nativos são bárbara gente
Dotados duma cultura inferior,
Precisando de cultura diferente.
Para o índio ser homem de verdade,
Para ter um espírito evoluído,
Tem de ser dominado e instruído,
Absorvido pela catolicidade.
O que faz essa tal gente civilizada?
Dizimam os nativos não obedientes.
Toda a riqueza do solo é roubada.
Deixando as terras áridas e carentes.
Assim a metrópole lusa enriqueceu.
A lusa burguesia vive na opulência
E nem sequer lhe acusa a consciência
De que o enorme Brasil empobreceu.
Dom Pedro primeiro e a imperatriz
Libertaram-se da corte portuguesa
Querendo um povo brasileiro feliz
Usufruindo toda esta beleza
Que nossa terra brasileira encerra
Saíram de sob a lusa influência
Proclamaram sua independência
Sem usarem a violência nem a guerra.
Duzentos anos de independência
Da nação brasileira a terra nossa
Deviam mover nossa consciência.
Quer vivamos na cidade ou na roça
A defender nossa pátria gloriosa
Que herdamos dos nossos antepassados
Não deixando que políticos desalmados
Dilapidem essa herança valiosa.
Canto II
Nasceu torto? Tarde ou nunca se endireita!
Lá diz o povo na sua sabedoria.
Já no início da Pátria Brasileira
Deu-se lugar a uma terrível mania:
O estelionato, propina e corrupção.
Foram pelo Imperador iniciados.
Cego, traído pelo amor e a paixão,
Pagou caros os seus amores culpados.
Domitila Castro Marquesa de Santos
Corrupta, gananciosa, manipuladora.
Usando sua beleza seus encantos
Traiu a imperatriz sua senhora.
E não só isso. Foi ela quem estipulou
(Descontando uma enorme comissão)
Os dois milhões de libras que o povo pagou
Aos portugueses como indenização.
Embora artífice da independência
Modelo de honestidade e pureza
Leopoldina foi tratada com indecência,
De modo indigno de uma princesa.
Agredida, publicamente humilhada.
Por causa da marquesa de Santos sofreu
E aos trinta anos quase louca morreu
Devido a que foi traída e desprezada.
Porém, com luta e sangue derramado,
Foi nascendo nossa pátria brasileira.
Alforria-se o homem negro escravo.
Brancos, negros, índios, numa só bandeira,
Valentes, entre guerras e paz vão vivendo.
Na imensidão da terra se espalhando,
Com o suor seu alimento tirando,
P´ra ver os seus filhos e netos crescendo.
Homens honrados, sinceros, trabalharam.
Embora colonizados e explorados,
Pelo seu novo país muito lutaram,
Para serem da escravidão libertados.
Mesmo despojados de pau-brasil e ouro
A grandiosa Pátria eles construíram.
Na ânsia do crescimento progrediram,
Hoje Ordem, Progresso é seu tesouro.
Tesouro por estrangeiros cobiçado
Que os políticos não sabem defender.
Ás vezes em bandeja tem entregado
Nossos valores ao estrangeiro poder.
Por isso o país chegou ao atoleiro,
O nobre povo está em sofrimento
Porque cultura pública do momento
É a Ambição, o Poder e o Dinheiro!
Nota: Os Cantos I e II fazem parte do poema épico de 20 cantos intitulado O NOBRE POVO BRASILEIRO que vai ser publicado em novembro próximo(2007).
O autor: Victor Alexandre
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